segunda-feira, 28 de março de 2011

Oração de Dom Helder Câmara

MARIAMA
(acompanhar este texto com o vídeo ORAÇÃO DE DOM HÉLDER)

Mariama, Nossa Senhora, Mãe de Cristo e Mãe dos homens.
Mariama, mãe dos homens de todas as raças, de todas as cores, de todos os cantos da Terra.
Pede a Teu Filho que esta festa não termine aqui.
A marcha final vai ser linda de viver.
Mas é importante Mariama, que a Igreja de teu Filho não fique em palavras, não fique em aplausos.
O importante é que a CNBB, a Conferência dos Bispos, embarque de cheio na causa dos negros, como entrou de cheio na Pastoral da Terra e na Pastoral dos índios.
Não basta pedir perdão pelos erros de ontem.
É preciso acertar o passo hoje sem ligar ao que disserem.
Claro que dirão Mariama, que é política, que é subversão, que é comunismo…
É Evangelho de Cristo, Mariama.
Mariama, Mãe querida, problema de negro acaba se ligando com todos os grandes problemas humanos, com todos os absurdos contra a humanidade, contra todas as injustiças e opressões.
Mariama, que se acabe, mas que se acabe mesmo, a maldita fabricação de armas.
O mundo, o mundo precisa fabricar é paz. Basta de injustiça, de uns sem saber o que fazer com tanta terra e milhões sem um palmo de terra onde morar.
Basta de uns tendo de vomitar pra poder comer mais e 50 milhões morrendo de fome num ano só.
Basta de uns com empresas se derramando pelo mundo todo, e milhões sem canto onde ganhar o pão de cada dia.
Mariama, Nossa Senhora, Mãe querida, nem precisa ir tão longe como no teu hino. Nem precisa que os ricos saiam de mãos vazias, os pobres de mão cheia… Nem pobre nem rico.
Nada de escravo de hoje ser senhor de escravos amanhã. Basta de escravos.
Um mundo sem senhores e sem escravos. Um mundo de irmãos, irmãos não só de nome e de mentira… 

De irmãos de verdade, Mariama

domingo, 27 de março de 2011

Dom Helder Câmara

Elementos para o conhecimento da realidade dos jovens (2parte) In: Evangelização da Juventude. Doc. n° 85 da CNBB.

2. Perfil da juventude brasileira
26. Nossa intenção é considerar a juventude com suas potencialidades para renovar a sociedade e a Igreja. A juventude é a fase do ciclo de vida em que se
concentram os maiores problemas e desafios, mas é, também, a fase de maior energia, criatividade, generosidade e potencial para o engajamento.
27. Com relação à juventude, a noção construída é bem recente. Para efeitos de políticas públicas, a idade adotada no Brasil vai dos 15 aos 29 anos, com divisão em subgrupos por agrupamento de interesses e afinidades, caminhando na linha da definição pela necessidade de afirmação dos direitos juvenis. “Trata-se de uma fase marcada por processos de desenvolvimento, inserção social e definição de identidades, o que exige experimentação intensa em diversas esferas da vida”. Já não podemos mais olhar para a juventude como ciclo de breve passagem para a vida adulta. O período da juventude se alongou e seu transformou, “ganhando maior complexidade e significação social, trazendo novas questões para as quais a sociedade ainda não tem respostas integralmente formuladas”. Desse modo, incluir os jovens na Igreja, hoje, significa olhar para as múltiplas dimensões em que eles estão inseridos. Para, a partir daí, tratá-los como sujeitos com necessidades, potencialidades e demandas singulares em relação às outras faixas etárias. A juventude requer estrutura adequada para seu desenvolvimento integral, para suas buscas, para a construção de seu projeto de vida e sua inserção na vida profissional, social, religiosa etc. Tão importante, também, é olhar para a juventude conforme sua diversidade, “segundo as desigualdades de classe, renda familiar, região do país, condição de moradia rural ou urbana, no centro ou na periferia, de etnia, gênero etc.; em função destas diferenças, os recursos disponíveis resultam em chances muito distintas de desenvolvimento e inserção”.
28. Dentre o complexo perfil da juventude brasileira, destacamos alguns elementos que consideramos primordiais, na visão da realidade para a evangelização dos jovens: perfil socioeconômico, protagonismo e participação social, e perfil religioso.

2.1 Perfil socioeconômico
29. Para caracterizar a juventude, as estatísticas brasileiras geralmente seguem os parâmetros de organismos internacionais, considerando o grupo etário de 15 a 24 anos. Em 2000, no último recenseamento geral da população, estavam nessa
faixa etária cerca de 34 milhões de pessoas, o que representa 20% da população brasileira. Se acrescentarmos a esse contingente os indivíduos de 25 a 29 anos, em geral designados pelos demógrafos de “jovens adultos”, teríamos um total de
47 milhões. A juventude brasileira é marcada por uma extrema diversidade e manifesta as diferenças e as desigualdades sociais que caracterizam nossa sociedade. Trata-se de um contingente populacional bastante significativo, em idade produtiva, que se constitui em uma importante força a ser mobilizada no processo de desenvolvimento de nosso país.
30. Dentre as várias diferenciações que recortam a juventude, estão as de classe social, cor e etnia, sexo, local de moradia, as diferentes situações de responsabilidade face à família, além das variações relativas ao gosto musical ou estilo cultural e as pertenças associativas, religiosas, políticas.
31. Há jovens que têm um padrão de vida elevado, mas são uma minoria. A maioria dos 34 milhões de jovens brasileiros representa um dos segmentos populacionais mais fortemente atingidos pelos mecanismos de exclusão social. As estatísticas demonstram que a juventude é um dos grupos mais vulneráveis da sociedade brasileira. Ela é especialmente atingida pelas fragilidades do sistema educacional, pelas mudanças no mundo do trabalho e, ainda, é o segmento etário mais destituído de apoio de redes de proteção social.
32. Eis alguns dos principais problemas com os quais se deparam, hoje, os jovens brasileiros:12 a disparidade de renda; o acesso restrito à educação de qualidade e frágeis condições para a permanência nos sistemas escolares; o desemprego e a inserção no mercado de trabalho; a falta de qualificação para o mundo do trabalho; o envolvimento com drogas; a banalização da sexualidade; a gravidez na adolescência; a AIDS; a violência no campo e na cidade; a intensa migração; as mortes por causas externas (homicídio, acidentes de trânsito e suicídio); o limitado acesso às atividades esportivas, lúdicas, culturais e a exclusão digital.
33. O impacto da pobreza, em uma sociedade que sacraliza o consumo, relativiza os valores, atinge a família, o primeiro lugar de socialização do jovem. Cresce o número de homens e mulheres que não fundam lares estáveis, levando o núcleo
familiar a se desintegrar. Essa situação deixa fortes cicatrizes emocionais na personalidade de muitos jovens em um momento crítico de suas vidas. Impressiona o número de jovens nas comunidades juvenis que enfrentam problemas emocionais sérios.
34. Destacam-se três marcas da juventude na atualidade: o “medo de sobrar, por causa do desemprego, o medo de morrer precocemente, por causa da violência, e a vida em um mundo conectado,por causa da Internet”. O sentido e a dureza dessas marcas anseiam por uma Boa Notícia que, a partir de um olhar de fé, pode ser encontrada no interior da própria juventude.
35. Esse quadro aponta a necessidade de promover mudanças mais profundas e estruturais no modelo de desenvolvimento econômico-social adotado no país, com reorientação de investimentos que garantam os direitos básicos da população — aos jovens em particular — nas áreas de educação, criação de empregos, infra-estrutura urbana, saúde, acesso à cultura e ao lazer, que têm repercussões na situação de segurança pública. João Paulo II acusou o liberalismo de “subordinar a pessoa humana e condicionar o desenvolvimento dos povos às forças cegas do mercado, sobrecarregando desde seus centros de poder aos países menos favorecidos com cargas insuportáveis”. No mesmo discurso o Santo Padre considerava que o neoliberalismo causou o “enriquecimento exagerado de uns poucos à custa do empobrecimento crescente de muitos, de forma que os ricos são cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres”.

2.2 Protagonismo e participação social
36. Duas imagens da juventude predominam nos meios de comunicação e na opinião pública. De um lado, as propagandas e as novelas apresentam os jovens como modelos de beleza, de saúde e de alegria, despreocupados, e impõem padrões de vida e de consumo aos quais poucos jovens realmente têm acesso. Os jovens também são caracterizados pela força, ousadia, coragem, generosidade, espírito de aventura, gosto pelo risco. De outro, nos noticiários, estão os jovens envolvidos com problemas de violência ou comportamentos de risco, que são, na maioria das vezes, negros e oriundos dos setores populares.
37. Essas duas imagens polares convergem para o mesmo senso comum que considera a juventude individualista, consumista e politicamente desinteressada. Mas esses são estereótipos que não dão conta da diversidade de experiências da juventude brasileira. Por um lado, é verdade que: a) segundo pesquisas da Unicef, 65% dos adolescentes (de 12 a 17 anos) nunca participaram de atividades associativas e/ou comunitárias;16 b) de acordo com um levantamento nacional recente, realizado pelo Instituto Cidadania, entre jovens de 15 a 24 anos de todo o Brasil,17 apenas uma minoria participa formalmente de movimentos estudantis, sindicatos, grupos religiosos, associações profissionais e partidos; 15% dos jovens participam de algum agrupamento juvenil.
38. No entanto, atualmente no Brasil há uma série de novas formas de participação juvenil, entre as quais podemos destacar: a) a pertença a grupos (pastorais, movimentos eclesiais, novas comunidades, redes, ONGs e outras organizações juvenis) que atuam para transformar o espaço local, nos bairros, nas favelas e periferias; b) a participação em grupos que trabalham nos espaços de cultura e lazer: grafiteiros, conjuntos musicais, de dança e de teatro de diferentes estilos, associações esportivas; c) mobilizações em torno de uma causa e/ou campanha: grupos ecológicos, comitês da Campanha contra a Fome, ações contra a violência e pela paz, grupos por uma outra globalização etc.; d) grupos reunidos em torno de identidades específicas: mulheres, negros, indígenas, pessoas com deficiência.
39. Para além do discurso corrente de que os jovens de hoje não participam, são desinteressados e alienados, alguns estudos recentes têm demonstrado que os jovens desejam participar ativamente da vida social, têm muitas sugestões do que deve ser feito para melhorar a situação do país e querem dar sua contribuição. Entretanto, não encontram espaços adequados: as formas de participação presentes na sociedade e no Estado são percebidas pelos jovens como muito distantes de sua realidade cotidiana.

2.3 Perfil religioso
40. Constata-se que o perfil religioso do jovem brasileiro é semelhante ao da população. Segundo o Censo de 2000, os católicos no país eram 73,8% da população. Entre os jovens de 15 a 24 anos, eram 73,6%. Enquanto no conjunto da população a presença evangélica representava 15,5%, entre os jovens a adesão às Igrejas evangélicas era um pouco menor: 14,2%. A maior diferença encontrava-se no grupo que se identificava como “sem religião”: na população, 7,4%, e entre os jovens: 9,3%.
41. Embora expressivo, este dado não deve ser interpretado como um avanço do ateísmo entre a juventude brasileira. A maioria desses jovens vive alguma experiência religiosa. Alguns estudos têm demonstrado que a grande maioria dos jovens sem religião acredita em Deus ou tem outras crenças e, portanto, são inspirados por uma mística, muito embora não estejam vinculados a uma instituição religiosa em particular.
42. Além disso, fenômenos que marcam a dinâmica do campo religioso na atualidade são intensificados quando se trata da população jovem, como a busca contínua por uma expressão de fé que dê sentido às suas vidas (o que acelera o trânsito religioso); a atração por manifestações religiosas exóticas; e a elaboração de sínteses pessoais a partir do repertório de crenças e práticas disponíveis em vários sistemas religiosos. Nesse contexto, florescem espiritualidades relacionadas à idéia do estabelecimento de uma “Nova Era”, que integraria o ser humano ao cosmo, em uma dimensão holística, e responderia a preocupações
desde aquelas relativas à saúde física e psíquica, com as correspondentes práticas terapêuticas, até o respeito e defesa da biosfera.
43. Isso se dá em uma fase do ciclo vital em que as pessoas costumam se questionar acerca de vários aspectos de suas vidas: caminhos profissionais, continuidade dos estudos, relacionamento afetivo. É recorrente a experimentação em muitos desses âmbitos originando vínculos provisórios. Também a adesão religiosa torna-se campo de reflexões e experiências. Muitos jovens colocam em xeque a herança religiosa recebida na família, o que tem levado a diferentes percursos: a opção consciente pela tradição religiosa na qual foram educados; o rompimento com essa herança — que pode se traduzir na conversão a outro sistema religioso ou a desvinculação religiosa. Inclusive, tem-se verificado que jovens que não passaram por uma socialização religiosa têm aderido a diferentes grupos religiosos.
44. Muitos jovens ligados às instituições religiosas dispõem generosamente de seu tempo livre para desenvolver as atividades de seu grupo. Também porque nessas ocasiões costumam estar em contato com outros jovens e se alegram nesta convivência. Tal disponibilidade fica reduzida quando os jovens iniciam os estudos universitários ou a vida profissional ou, ainda, quando associam trabalho
e estudo. Sem negar as motivações religiosas desta busca de participação no grupo, são manifestações que se iniciam com força na adolescência, na descoberta de outras realidades além da família, onde possam construir sua autonomia e sua independência. Daí, a importância pedagógica e teológica de um acompanhamento adaptado da vivência grupal nessa fase.
45. A preocupação com a evangelização da juventude leva-nos, também, a olhar a crescente busca dos adolescentes21 por espaços grupais. Na ausência de uma proposta evangelizadora que corresponda às necessidades dos adolescentes, estes acabam se inserindo nos grupos destinados aos jovens. Neste cenário, muitas vezes provocador de respostas equivocadas para adolescentes e também
para jovens, necessitamos conhecer e aprofundar os elementos que marcam a vida destes sujeitos, para que a evangelização possa oferecer propostas diferenciadas, segundo cada realidade.
46. Sensíveis às manifestações artísticas e culturais da sociedade contemporânea, jovens de diferentes identidades religiosas aderem com entusiasmo a eventos semelhantes no âmbito religioso (shows, concentrações em estádios etc.). Assim tem crescido o número de bandas e artistas religiosos.
47. Em nossa Igreja há uma presença significativa de jovens em vários setores da vida eclesial: nas comunidades eclesiais de base e nas paróquias, participando das equipes de liturgia e de canto, atuando como catequistas, em diversas pastorais. Estão presentes também nas pastorais da juventude, nos movimentos eclesiais, nas novas comunidades e nas diferentes iniciativas promovidas pelas congregações religiosas e institutos seculares.
48. Muitas vocações sacerdotais e religiosas e para outros ministérios eclesiais têm sido suscitadas por essa participação. Chama a atenção o fato de que um número crescente de jovens esteja buscando propostas vocacionais exigentes nos campos da contemplação e da ação. Outro traço a destacar é a responsabilidade e a seriedade com que muitos jovens católicos, animados pela sua fé, têm abraçado a dimensão do serviço, seja no cuidado aos mais pobres, seja na atuação em movimentos e organizações sociais com vistas à construção de uma sociedade justa e solidária. No entanto, nem sempre os jovens atingidos pela ação pastoral da Igreja na catequese crismal, grupos de jovens e em outras iniciativas pastorais têm sido conquistados para um sólido engajamento na comunidade de fé
e muitas vezes eles não se sentem acolhidos em algumas paróquias.

3. Valor da experiência acumulada da Igreja
49. Diante do desafio de evangelizar a juventude contemporânea, a Igreja não está começando do zero. Há um caminho histórico percorrido por ela que revela uma herança muito rica. Há uma corrente através da qual uma geração de jovens e agentes evangelizadores adultos passa a experiência acumulada para outra. A Igreja Católica é uma das organizações que têm mais experiência acumulada e sistematizada no trabalho com a juventude. É importante resgatar essa experiência, estando atentos aos sinais dos tempos. Em cada época, à medida que mudavam os desafios, os enfoques, os valores e o ambiente cultural da sociedade, a mentalidade dos jovens também mudava. Os jovens são mais sensíveis às mudanças e propensos a aceitar o novo. Tudo o que acontece na sociedade tem seus reflexos na ação evangelizadora da juventude. Os jovens que são atingidos pela ação evangelizadora estão inseridos simultaneamente na sociedade e na Igreja.
50. Em cada época há necessidade de adequar as concepções e as práticas de evangelização para se relacionar com os jovens. Se a Igreja apresentou uma proposta que se tornou predominante, não significa que todos os jovens tenham aderido a ela. Aprendemos com as conquistas e os erros do passado.22 Nem tudo muda de uma época para a outra. Mudam, às vezes, os enfoques, o ponto de partida, alguns elementos da metodologia, sendo que outros permanecem. Na Igreja do Brasil, muitas forças pastorais atuam junto aos jovens e com eles. Cada uma delas tem a sua própria riqueza e contribui, no interior da Igreja, para a evangelização da juventude. Destacamos entre elas as pastorais da juventude, os movimentos eclesiais, o serviço pastoral das congregações e as novas comunidades. Reconhecemos que a evangelização dos jovens é obra de muitas mãos, inclusive com a contribuição da Pastoral Familiar, Pastoral Vocacional, Pastoral Catequética, ação missionária.

Elementos para o conhecimento da realidade dos jovens (1parte) In: Evangelização da Juventude. Doc. n° 85 da CNBB.

I. Elementos para o conhecimento da realidade dos jovens
10. Conhecer os jovens é condição prévia para evangelizá-los. Não se pode amar nem evangelizar a quem não se conhece. Por esse motivo, iniciamos com alguns elementos das realidades juvenis, buscando conhecer a geração de jovens cuja evangelização se apresenta como um dos grandes desafios da Igreja neste início do século XXI. É necessário ter em conta a variedade de comportamentos e situações da juventude hoje e a dificuldade de delinear um único perfil da mesma no mundo e no Brasil. Além do mais, trata-se de uma situação exposta à oscilação constante, marcada ainda com maior impacto pela velocidade social das mudanças culturais e históricas, com as vulnerabilidades e potencialidades dos jovens, tudo isso confrontado com uma experiência significativa da Igreja quanto à evangelização da juventude.

1. As transformações culturais e os jovens
11. A modernidade abriu as portas do mundo para uma nova atitude do homem e da mulher face à vida, acentuando a centralidade da razão, a liberdade, a igualdade e a fraternidade. Num primeiro momento, a Igreja fragilizou-se ao resistir
à possibilidade de mudança, distanciando-se da juventude, da sua linguagem, de suas expressões e maneiras de ser e viver diante do avanço da modernidade. Uma das finalidades do Concílio Vaticano II, convocado pelo Papa João XXIII, era ajustar melhor as instituições da Igreja às necessidades de nosso tempo.
12. Nas últimas décadas, ao lado da cultura moderna vem-se fortalecendo a cultura pós-moderna. A pós-modernidade não é uma nova cultura que se contrapõe de modo frontal à modernidade. Constatam-se mudanças no cenário, grande velocidade e volume da informação, rapidez na mudança do cotidiano por parte da tecnologia, novos códigos e comportamentos. Devido à globalização e ao
poder de comunicação dos meios eletrônicos, essas mudanças vêm penetrando fortemente no meio juvenil.
13. A pós-modernidade não substitui a modernidade. As duas culturas vivem juntas. Os valores da modernidade continuam sendo importantes para os jovens: a democracia, o diálogo, a busca de felicidade humana, a transparência, os direitos
individuais, a liberdade, a justiça, a sexualidade, a igualdade e o respeito à diversidade. Uma Igreja que não acolhe esses valores encontra grandes dificuldades para evangelizar os jovens.
14. Os jovens de hoje e a Igreja em que vivem são influenciados pelos impactos da modernidade e da pós-modernidade. Alguns elementos deste momento histórico exercem grande influência na mentalidade, nos valores e no comportamento de todas as pessoas. Ignorar estas mudanças é dificultar o processo de evangelização da juventude — o grupo social que assimila esses valores e mentalidade com mais rapidez. Uma evangelização que não dialoga com os sistemas culturais é uma evangelização de verniz, que não resiste aos ventos contrários.
15. Dentre os muitos elementos da nova cultura pós-moderna que influem no processo de evangelização dos jovens e no fenômeno da indiferença de uma parcela da juventude face à Igreja, destacamos a subjetividade, as novas expressões da vivência do sagrado e a centralidade das emoções.

1.1 A subjetividade
16. A subjetividade, no contexto pós-moderno, particularmente em referência à juventude, merece estudos e conhecimentos aprofundados para que o diálogo e a linguagem estabelecidos com os jovens tenham impacto e força de convocação para o seguimento de Jesus. A evangelização da juventude exige atualização permanente do conhecimento da dinâmica de sua subjetividade. Há de se levar em conta a sua complexidade. Este conhecimento possibilitará um adequado tratamento do fenômeno do subjetivismo que gera, facilmente, a permissividade, o egoísmo, a identificação simples da felicidade com o prazer, a incompetência para lidar com a pluralidade de solicitações e ofertas, entre outras. Estas questões afetam a subjetividade humana, particularmente a juvenil.
17. O ideal coletivo dos anos 1970-1980 de construir um mundo melhor foi sendo substituído por uma maior preocupação com as necessidades pessoais, com os sentimentos, com o próprio corpo, com a melhora da auto-estima, com a confiança, com a libertação dos traumas etc. O ambiente de descrédito dos grandes ideais coletivos em que vivem faz com que segmentos da juventude tenham forte tendência de viver somente no presente, na cultura do descartável. Este fenômeno tem o efeito de se concentrar, no momento atual, na busca de sensações e emoções passageiras. Ao mesmo tempo, há outros segmentos que manifestam preocupação com um futuro mais próximo.
18. Nesse contexto faz-se necessário buscar um equilíbrio entre o projeto individual e o projeto coletivo. Os dois grandes movimentos de nosso tempo, o movimento pela justiça social e o movimento pela auto-realização, são metades de
um todo esperando para se unirem numa grande força de renovação.4 Porém, o equilíbrio deve ser promovido com muita sensibilidade, pois a auto-realização pressupõe a relação com o outro, com a comunidade. Ao mesmo tempo, de maneira alguma a comunidade deve ser sinônima de uniformidade.

1.2 As novas expressões da vivência do sagrado
19. Em tal conjuntura, acontece uma redescoberta da dimensão religiosa. Há a busca de uma espiritualidade que dá unidade e gosto à vida. Trata-se, entretanto, de uma religiosidade mais individual. Face a tanto medo, pressa e caos, muitas pessoas voltam-se para vários tipos de manifestações religiosas e místicas (ocultismo, nova era, esoterismo, horóscopos, astrologia...). Outras pessoas refugiam-se em grupos fundamentalistas em que as verdades são ensinadas de maneira dogmatizada, evitando, assim, a angústia da dúvida.
20. Embora esta mudança cultural possa oferecer uma terra fértil à religião, é importante analisar com cautela tais expressões do sagrado. A abertura para o transcendente não significa, necessariamente, uma aceitação das religiões organizadas. Muito fermento espiritual está sendo elaborado fora das instituições. Há estudos que demonstraram que muitos jovens estão procurando razões para
viver sem envolver-se com uma “Igreja”. Trata-se de uma espiritualidade centrada na pessoa e não a partir de uma vivência institucional e, por isso, busca-se algo que satisfaça suas necessidades.
21. No entanto, a mudança cultural abre uma porta para o processo de evangelização dos jovens. Hoje é mais fácil trabalhar a espiritualidade, em todas as suas dimensões, que na década de 1980, quando o tempo dedicado às celebrações e à oração era freqüentemente visto como algo secundário face à urgência da transformação social. É necessário, contudo, resistir à tentação de reduzir ou manipular a mensagem do Evangelho para ganhar mais adeptos.

1.3 A centralidade das emoções
22. Se antes se exaltava a razão, hoje se acentua a emoção. Se a importância dada às emoções é positiva, sua absolutização leva a um esvaziamento intelectual, do compromisso transformador e da consciência crítica, leva à superficialidade e à falta de perseverança, podendo facilmente conduzir ao fundamentalismo, que tem suas expressões dentro de todas as grandes religiões.
23. O fenômeno religioso que mais chama a atenção, dentro desse novo contexto cultural centrado nas emoções, é o crescimento do neopentecostalismo, que acentua a subjetividade e o elemento afetivo em sua metodologia de evangelização. Este fenômeno é mais visível pelo número de Igrejas pentecostais que nascem a cada dia, principalmente nas periferias das grandes cidades. Com
a diversificada oferta de escolha do sagrado, por parte do “consumidor”, a fé é regulada pelo mercado, de modo especial, pela TV. “A religião deixou de representar o espaço da relação do crente com Deus para se transformar em veículo de ascensão social ou em promessa de felicidade plena. Troca-se a elaboração analítica que exige a dor da busca e da reflexão por sessões de entretenimento religioso.”
24. A tendência de acentuar os sentimentos, no mundo contemporâneo, tem forte penetração no meio dos jovens e levanta questões importantes referentes à metodologia de trabalho pastoral. Por outro lado, à medida que aumenta o nível de escolaridade dos jovens, aumenta, também, a necessidade de uma base intelectual da fé; caso contrário, muitos acabam abandonando sua fé. É importante lembrar que as duas culturas continuam convivendo juntas: a modernidade, que acentua a razão, e a pós-modernidade, que acentua a centralidade das emoções.
25. Há necessidade de levar em conta os dois enfoques da cultura contemporânea e manter um equilíbrio entre os dois pólos: o racional e o emocional. Emoções, sentimentos e imaginação precisam ser integrados em uma metodologia que tenha objetivos claros. Ao mesmo tempo, a razão deve deixar espaço para as emoções e a imaginação. A mensagem do Evangelho precisa ser apresentada como resposta às dimensões da vida do jovem. A formação deve ser integral, isto é, considerar as diversas dimensões da pessoa humana e os processos grupais.

sábado, 26 de março de 2011

Elementos para o conhecimento da realidade dos jovens: "Jesus olhando bem para ele, com amor lhe diz" Mc 10,21a

Motivação: Este vídeo (Não É Sério - Charlie Brown Jr e Negra Li (RZO) Clip Oficial) pode ser utilizado como motivação para conversar sobre a maneira que a sociedade enxerga a juventude: o que te chamou a atenção do vídeo? Como olha a juventude a comunidade onde você participa? Os jovens conhecem mesmo a juventude ou também tem um olhar "pouco serio"?
Dinâmica de estudo do documento: Dividimos o grupo de acordo com os temas a serem abordados do documento: 
Grupo 1: A subjetividade n° 16-18.
Grupo 2: As novas expressões da vivência do sagrado n° 19-21.
Grupo 3: A centralidade das emoções n° 22-25.
Grupo 4: o perfil sócio-económico n° 29-35.
Grupo 5: Protagonismo e participação social n° 36-39.
Grupo 6: Perfil religioso n° 40-48.
  • Cada grupo trabalhará as seguintes perguntas: quais as ideias centrais do texto? partilhe situações ou testemunhos onde você consegue perceber o que diz o texto?
Observação: Nos artigos do Blog você pode encontrar os textos do documento caso você não tenha acesso ao mesmo.
Olhar de Jesus sobre a juventude: A continuação trocaremos ideias sobre três textos bíblicos que nos falam do olhar de Jesus aos jovens. Novamente nos dividimos em grupos e escolhemos um dos textos para ler com atenção.
Cego bartimeu: Mc 10,46-52 
A mulher adultera: Jo 8,1-11
O jovem rico: Mc 10,17-23.
  • Cada grupo pode conversar sobre o olhar de Jesus sobre o texto escolhido e preparar um peça de teatro ou um cartaz sobre como seria o encontro de Jesus com o jovem atual.
Celebrando a nossa fé: cada jovem  procura um lugar onde ficar cômodo e sozinho e, logo de imaginar por uns minutos como Jesus olha para ele, escreve uma pequena carta em resposta a esse olhar de Jesus. No final, de acordo com o tempo, partilhamos alguma coisa ou finalizamos rezando e cantando.  

O que é o Setor Juventude? In: Evangelização da Juventude. Doc.n°85 da CNBB.

Organizar uma articulação mais ampla
Desafios e princípios orientadores
193. Há uma multiplicidade de experiências na evangelização da juventude no Brasil, cada uma com sua organização e espaços de formação e atuação. Há necessidade de uma instância mais ampla — Setor Juventude — para unir e articular forças num trabalho de conjunto, à luz das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil. Todas nascem da necessidade de organizar, planejar e avaliar a ação evangelizadora, tanto na comunidade como nos diferentes meios em que os jovens
• As pastorais da juventude que acompanham os processos de evangelização da juventude a partir dos grupos de jovens.
vivem. Têm sua própria mística, metodologia, identidade e organização:
• Os movimentos eclesiais e novas comunidades com seus carismas específicos.
• As congregações religiosas que trabalham com a juventude, segundo os respectivos carismas.
• Outras organizações eclesiais que também trabalham com jovens, como catequese crismal, Pastoral Vocacional, Pastoral da Educação, ao lado de outras.
194. “A Igreja é una em pluralidade de situações, de vocações, de serviços, que não se opõe à unidade mais profunda em Cristo. Em sua diversidade, e não apesar dela, é que os homens são um em Cristo e no Povo de Deus.”
195. O trabalho em conjunto deve respeitar os carismas, mas, ao mesmo tempo, estabelecer algumas linhas pastorais comuns. Tanto as pastorais como os movimentos, novas comunidades e congregações religiosas precisam se conhecer mutuamente e, juntos, encontrar seu lugar na pastoral de conjunto da Igreja local, sempre em comunhão com as orientações específicas do bispo diocesano.
196. Não se está propondo uma nova superorganização que promova muitos eventos e atividades, mas a unidade de todas as forças ao redor de algumas metas e prioridades comuns. Os eventos de massa são um exemplo de projetos que podem ser assumidos em comum.
197. Não existe um modelo pronto de organização do Setor Juventude. A sua organização dependerá da realidade de cada Igreja particular,
sob a animação dos conselhos diocesano e paroquiais de pastoral.
Pistas de ação
198. Organizar o Setor Juventude em cada Igreja particular, de forma criativa e participativa, para fortalecer e dinamizar a evangelização da juventude a partir de todas as forças presentes.
199. Organizar cursos e oficinas de capacitação técnica para assessores e jovens que tenham responsabilidade pela condução das estruturas organizativas de acompanhamento dos jovens.
200. Garantir que os projetos assumidos em comum não sobrecarreguem as lideranças nem enfraqueçam as diferentes organizações.
201. Investir maiores recursos humanos e financeiros nas dioceses e paróquias para as estruturas de formação e acompanhamento da evangelização dos jovens.
202. Investir na comunicação através da Internet, como meio eficaz e barato de passar informações e conteúdos e de fortalecer as estruturas de acompanhamento.
A proposta é fortalecer e ampliar a ação evangelizadora da Igreja e não perder riquezas conquistadas que já provaram seu valor pedagógico e teológico no campo da evangelização da juventude. O pluralismo de carismas e metodologias, vivido na unidade, fortalece a ação evangelizadora. 

Encerramento da Campanha da Fraternidade dos grupos de jovens

O 16 de abril, às 19h00 acontecerá o encontro de encerramento da Campanha da Fraternidade dos grupos de jovens. O tema da CF deste ano é: Fraternidade e Vida no Planeta. Não esqueça de aproveitar o material que está rolando pelos grupos para chegar bem preparados para esse dia. Participe com seu grupo.

Campeonata Feminino de Futebol. Faça a inscrição de seu time!!!

O 8 de maio acontecerá o campeonato feminino de Futebol da paróquia São Pedro e São Paulo organizado pela Pastoral da Juventude. O inicio do campeonato será às 8h00 na EMEB Irmã Odete na Rua da Comunidade, 160, Vila São Pedro - SBC. A inscrição dos times será até o 16 de abri. Poderá ser por e-mail ou no encerramento da Campanha da Fraternidade na Comunidade Nossa Senhora Aparecida  o 16 de abril às 19h00. A taxa de inscrição é de R$ 30,00. Em breve estaremos divulgando o regulamento.

Datas importantes de Batismo: primeiro semestre de 2011

Datas importantes de Batismo
A data limite para a inscrição é o primeiro sábado de cada mês; a preparação 2° e 3° domingo de cada mês às 10h00; e, o batizado o 4° sábado de cada mês.  



Atividade
Abril
Maio
Junho
Julho
Inscrição até
 2
8
 4
 2
Curso/
Preparação
 10/17
15/22
 12/19
 10/17
Batismo
 24
 29
 26
 24

Atendimentos dos padres

Atendimento dos padres
Quinta de 15h00 a 19h30 na São Pedro
e São Jose antes e após a celebração das 19h30.
Fora desse dia e horario marcar diretamente com os padres.
Para visitas aos doentes e as familias marcar diretamente com os padres ou na secretaria paroquial.  

Secretaria Paroquial

Secretaria paroquial
Segunda a sexta de 14h30 a18h30.
Sábado de 8h00 a 12h00.
Fone/fax: (11) 4345-5743


Retiro de quaresma

O dia 20 de março, na comunidade Santo Afonso da paróquia irmã São Geraldo Magella, aconteceu  o retiro de quaresma animado pelo Pe. Praxedes, que a mais de 20 anos se dedica à pregação de retiros para padres, freiras e comunidades. 
Iniciamos com um exercício de relaxamento e com uma introdução sobre o tema da CF.  Os momentos de oração e partilha foram iluminados com as leituras do domingo: Gn 12,1-4a e Mt 17,1-9.
Obrigado Pe. Praxedes pela presença e pelos testemunho de 50 anos de padre. Parabéns !!!

Festa de São Jose

O dia 16 de março começou o primeiro dia do tríduo com a animação dos grupos  de rua nas diferentes famílias. Nesse encontro aprofundamos a vida de São José e deixamos que seu testemunho ilumine nossas famílias.
Nos dias 17 e 18 a preparação aconteceu na Igreja. A quinta foi com a celebração da Santa Missa e na sexta com um encontro onde os grupos de rua partilharam as reflexões feitas nas casas .
No dia sábado 19, dia da festa,  com a presença das comunidades e algumas pessoas da paróquia São Geraldo, entrou a imagem do padroeiro para dar inicio a santa missa. A celebração teve uma boa participação dos adolescentes e jovens no hino de louvor, a entrada da palavra e no ofertório.  
O evangelho do dia, que relatava o pedido do anjo para São José acolher Maria sem medo, foi ensinado pelo pessoal de nossa Senhora das Graças.
No final da celebração o pessoal da Infância e Adolescência Missionária nos lembrou da necessidade de cuidar o planeta.  E logo depois os parabéns  para a comunidade e os aniversariantes, todos comemos um gostoso pedacinho de bolo. Obrigado a todos que fizeram acontecer a festa. 


Festa da Cátedra de Pedro

 No calendário da Igreja Católica, celebramos a  Festa de São Pedro e São Paulo no dia 29 de Junho de cada ano, e essa é a nossa festa paroquial.
Mas no dia 22 de Fevereiro celebramos a CÁTEDRA DE SÃO PEDRO, festa na qual a Igreja dá graças a Deus pela missão evangelizadora confiada ao apóstolo Pedro e aos seus sucessores, os Papas.
Por essa razão, este ano pela primeira vez a  comunidade de São Pedro convi-dou todas as co-munidades da pa-róquia a celebrar este dia, lem-brando e rezando pelo nossa atual Papa Bento XVI.
Deste modo queremos  todos os anos celebrar este dia porque somos cristãos agradecidos a Deus pelos homens que ao longo dos anos têm a missão de manter a comunhão em toda a Igreja. Assim como Jesus convidou seus discípulos a manter a união e o amor entre eles, nesta festa a comunidade quer ser sinal de comunhão no nosso bairro. A comunidade de São Pedro agradece a todas as comunidades que se fizeram presentes, e desejam continuar neste espírito de comunhão que é sinal verdadeiro da presença de Jesus no meio de nós.