sábado, 28 de maio de 2011

Problemas de conexão

Bom dia pessoal. Nestes dias o blog está parado por problemas de conexão. A próxima semana esperamos que volte à normalidade.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Dom HÉLDER CÂMARA



7 Fev. 1909
Nasce Hélder Pessoa Câmara em Fortaleza, Ceará.
1917
Com nove anos faz a primeira comunhão
1923
Aos 14 anos, entra para o seminário diocesano de Fortaleza
1931
Aos 22 anos é ordenado padre, com autorização especial do Vaticano
1934
Muda-se para o Rio de Janeiro
1950
Viaja para o Vaticano, com a intenção de convencer os bispos a criar a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.
Se torna amigo de D. Giovanni Montini, mais tarde Papa Paulo VI.
1952
Com 43 anos é nomeado Bispo e é eleito secretário geral da CNBB, fazendo um grande esforço para unir todos os bispos brasileiros.
1962
Participou ativamente no Concílio Vaticano II.
1964
Depois de trabalhar 30 anos no Rio de Janeiro, D. Hélder é nomeado Arcebispo de Olinda e Recife.
1965
D. Hélder mora nos fundos da Igreja das Fronteiras, sem empregados. É uma casa pequena, com uma sala e um quarto. Organiza as CEB’s para apoiar os pobres e miseráveis em busca de esperança.
O seu apoio aos pobres e jovens começa inquietando o regime da ditadura.
27 Jun 1968
Passa a noite com os jovens na Universidade Católica impedindo um massacre de estudantes pelas forças militares.
1969
Padre Henrique Pereira é sequestrado e assassinado. Pe. Henrique foi ordenado por D. Hélder, e destinado a trabalhar com os jovens. A ditadura não aceitava o apoio da Igreja aos jovens estudantes.
1970
Em Paris, Dom Hélder denuncia diante de dez mil jovens franceses as torturas praticadas pela ditadura militar no Brasil.
1970
O ministro de justiça, Alfredo Buzaid, proíbe todos os órgãos de imprensa de citar o nome de Dom Hélder.
1971
É nomeado candidato para receber o Prêmio Nobel da Paz. A influência política brasileira impede que aconteça.
1974
Recebe o Prêmio Popular da Paz.
1985
Aos 76 anos aposenta-se
27 Ago 1999
Morre aos 90 anos.



FRASES DE DOM HÉLDER

1


Não me dou a penitências.Com todo respeito que me merecem os santos, não sou homem de autoflagelações... Não há penitência melhor do que aquelas que Deus coloca em nosso caminho.


2
Se der pão aos pobres, todos me chamam de santo. Se mostrar por que os pobres não tem pão, me chamam de comunista e subversivo


3
Deus nos ensinou anão aceitar facilidades,mas a encontar Vida na dureza da Cruz" (Helder Camara)


4
Não cabe aos pobres compartilhar da minha esperança, mas a mim de compartilhar da esperança dos pobres.”


5
E se amanhã as massas tiverem a impressão de que o cristianismo teve medo, que não teve coragem, de dizer a verdade, de mostrar a verdade, então acabou-se o cristianismo.


6
Quantas vezes eu celebro em áreas de miséria, e o meu povo canta: “O Senhor é o meu pastor, nada me há-de faltar”. E eu olho e está faltando tudo.


7
Não pensem que Deus ajuda a miséria. Deus não aprova as injustiças. As injustiças são o problema nosso.


8
Eu acho que chegou o tempo em que os pastores temos que viver mais perto do povo, o que hoje é um anseio muito geral.

DRA. ZILDA ARNS


25 Ago 1934
Nasce em Forquilhinha, interior de Santa Catarina, filha do casal Gabriel e Helene, e é a 13ª de 16 filhos.
26 Dez 1959
Casou com Aloísio Bruno Neumann de quem teve seis filhos.

Formou-se em medicina, e se interessou pela saúde pública, especialmente das crianças. Vendo a realidade pobre do seu meio, a mortalidade infantil, a desnutrição e a violência, se dedicou a recuperar o milagre bíblico da multiplicação dos pães e dos peixes.
1980
Estando a trabalhar no Hospital de crianças César Pernetta (Curitiba), foi convidada pelo governo do Paraná para coordenar a vacinação da poliomelite. Iniciou um novo método que logo foi aplicado em todo o país.
1983
A pedido da CNBB criou a Pastoral da Criança.

Após 25 anos, a Pastoral acompanha mais de 1,9 milhões de gestantes e crianças menores seis anos e 1,4 milhão de famílias pobres, em 4.063 municípios brasileiros. Seus mais de 260 mil voluntários levam fé e vida, em forma de solidariedade e conhecimentos sobre saúde, nutrição, educação e cidadania para as comunidades mais pobres.
2004
Iniciou a pedido da CNBB a Pastoral da Pessoa Idosa. Atualmente mais de 129 mil idosos são acompanhados todos os meses por 14 mil voluntários

Pelo seu trabalho na área social, Dra. Zilda Arns recebeu condecorações tais como: Woodrow Wilson, da Woodrow Wilson Fundation, em 2007; o Opus Prize, da Opus Prize Foundation (EUA), pelo inovador programa de saúde pública que ajuda a milhares de famílias carentes, em 2006; Heroína da Saúde Pública das Américas (OPAS/2002); 1º Prêmio Direitos Humanos (USP/2000); Personalidade Brasileira de Destaque no Trabalho em Prol da Saúde da Criança (Unicef/1988); Prêmio Humanitário (Lions Club Internacional/1997); Prêmio Internacional em Administração Sanitária (OPAS/ 1994); títulos de Doutor Honoris Causa das Universidades: Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Universidade Federal do Paraná, Universidade do Extremo-Sul Catarinente de Criciúma, Universidade Federal de Santa Catarina e Universidade do Sul de Santa Catarina. Dra. Zilda é Cidadã Honorária de 10 estados e 35 municípios; e foi homenageada por diversas outras Instituições, Universidades, Governos e Empresas.
12 Jan 2010
Estando em Haiti para divulgar o trabalho da Pastoral da Criança, falece no terramoto ocorrido nesse dia.

 Frases da Dra. Zilda Ars
1.     1.  “O trabalho social precisa de mobilização das forças. Cada um colabora com aquilo que sabe fazer ou com o que tem para oferecer. Deste modo, fortalece-se o tecido que sustenta a ação e cada um sente que é uma célula de transformação do país

2.     2.  “Nunca se deve complicar o que pode ser feito de maneira simples.”

3.      3. “A construção da paz começa no coração das pessoas e tem seu fundamento no amor, que tem suas raízes na gestação e na primeira infância e se transforma em fraternidade e responsabilidade social. A paz é uma conquista coletiva. Tem lugar quando encorajamos as pessoas, quando promovemos os valores culturais e éticos, as atitudes e práticas do bem comum.

4. Sabemos que a força propulsora da transformação social está na prática do maior de todos os mandamentos da Lei de Deus: o Amor, expressado na solidariedade fraterna, capaz de mover montanhas. "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos" significa trabalhar pela inclusão social, fruto da Justiça; significa não ter preconceitos, aplicar nossos melhores talentos em favor da vida plena, prioritariamente daqueles que mais necessitam. Somar esforços para alcançar os objetivos, servir com humildade e misericórdia, sem perder a própria identidade. Cremos que esta transformação social exige um investimento máximo de esforços para o desenvolvimento integral das crianças. Este desenvolvimento começa quando a criança se encontra ainda no ventre sagrado da sua mãe. As crianças, quando estão bem cuidadas, são sementes de paz e esperança. Não existe ser humano mais perfeito, mais justo, mais solidário e sem preconceitos que as crianças. Como os pássaros, que cuidam de seus filhos ao fazer um ninho no alto das árvores e nas montanhas, longe de predadores, ameaças e perigos, e mais perto de Deus, devemos cuidar de nossos filhos como um bem sagrado, promover o respeito a seus direitos e protegê-los”. Do último discurso realizado por ela em Haiti

PADRE ALFRED KUNZ, conhecido como Pe. Alfredinho



9 Fev 1920
Nasceu em Berna (Suíça), filho de Frederic e Anna, trabalhadores de uma pedreira.
1926
Emigram para a França procurando melhor vida e trabalho.
1931
Aos 11 anos, começa a trabalhar num hotel como cozinheiro. Chegava a trabalhar 15 horas por dia.
1935
Ingressou na JOC (Juventude Operária Católica), e gostou muito da leitura da bíblia.
1939
Começou a pensar que algum gostaria de ser sacerdote, mas logo nesse ano teve inicio a II Guerra Mundial. Seu pai era contrário a sua vontade de ser padre, e então Alfred se alistou como voluntário no exército francês.

Combateu contra os alemães. Foi preso e levado para o campo de concentração na Áustria, trabalhando como cozinheiro.

No campo de concentração iniciou um círculo de leitura da bíblia, junto com outro prisioneiro protestante. Atendiam os doentes e os curavam.
1945
Entra no Seminário depois de terminada  a Guerra, em Fontgombault (França), acompanhado pelos Filhos da Caridade.
1954
Foi ordenado sacerdote em Paris, e depois foi trabalhar para o Canadá, num bairro de operários.
1968
Desejoso de trabalhar em países mais pobres, veio para o Brasil, na cidade de Crateús. Começou a viver com os pobres que eram vítimas do sistema de fazendas naquela região semi-árida.

O sofrimento que ele mesmo viveu na sua vida, e que partilhou com tantos pobres, o levou a meditar cada vez mais no SERVO SOFREDOR, figura profética do livro de Isaias.
1968-1971
Viveu três anos no bairro da prostituição de Crateús, onde atendia todos os mais pobres, no barraco da falecida Antonieta.
1977
Cria um pequeno grupo que deseja fazer retiros espirituais com o Pe. Alfredinho, e crescer na espiritualidade do Servo Sofredor.
1979
Alfredinho, no tempo de ditadura e repressão dos pobres que chegavam à cidade procurando alimento, animou a campanha de acolhimento, com o lema “Fraternidade sim, violência não!
1988
Tem problemas contínuos de saúde, e foi viver para a favela Lamartine.
1995-1997
Animado pela campanha da Fraternidade que procurava acolher os excluídos, pediu a bênção ao  bispo de Santo André, e foi viver com os moradores de rua em SP.

Ao longo destes anos um grupo de gente se vai associando ao Pe. Alfredinho, formando assim a Irmandade do Servo Sofredor.
Ago 2001
Devido a insuficiência cardíaca, morreu no dia 12 de Agosto.


FRASES DE PE. ALFREDINHO


1
Um dia, fui chamado para assistir uma tuberculosa de 22 anos, em fase terminal, vítima da prostituição. Jamais me esquecerei do seu sorriso depois de ter se confessado, comungado e recebido a unção dos enfermos: seu rosto refletia a profunda alegria pela presença de Cristo nela. Quando morreu, 15 dias depois, tiveram que usar a porta do seu barraco para transportá-la ao cemitério. Pouco depois, aluguei aquela casa, em plena zona de prostituição".


2
Comenta o seguinte sobre o bairro da prostituição: “Foi aí que eu comecei a partilhar a existência dos pobres. Foi aí também que eu descobri que, para viver com os pobres, é melhor não ter dinheiro. Um dia, Dom Fragoso (Bispo) veio almoçar comigo. Eu lhe disse que esse bairro era um santuário e lhe contei as maravilhas das quais eu era testemunha. Foi para mim uma escola extraordinária.


3
Foram as vítimas da prostituição que ensinaram a viver o Evangelho.


4
Aprendi nesta escola do povo do nordeste a saber viver com poucas coisas e evitar o esbanjamento.


5
Alfredinho aprendeu a ter paciência e esperar, caminhar no ritmo dos pobres. A acolher cada pessoa como é, respeitando totalmente sua individualidade.


6
Meu encontro com Alfredinho e a Irmandade me ajudou a descobrir minha mediocridade. Ele me convidou mais de uma vez para deixar a casa do bispo e ir morar com ele em sua casa, rezar junto com o povo, acolher mais como um pastor bom do que como um administrador, e eu confesso que não tive coragem. Ma ajudou também a simplificar minha vida de bispo e a priorizar os pobres em meu ministério e em minha pastoral… Penso que a mensagem deixada por Alfredinho é, em resumo, a seguinte: amem os pobres, acreditem nos pobres, sejam pobres, acolham a boa nova que vem dos pobres no seguimento de Jesus  de Nazaré, o Bem-Amado (D. Fragoso, bispo de João Pessoa). 

PADRE LEO COMMISSARI

  
1942
Leo é o sétimo de oito irmãos, dos pais António e Maria Commissari. Nasceu em Bubano, província de Ravenna (Itália).
Maio 1954
Seu irmão mais velho, Filipe, foi ordenado sacerdote.
1956
Seu irmão Pe. Filipe parte como missionário para a China.

Lia coisas sobre o Brasil, e o entusiasmo missionário foi surgindo depois da sua entrada no seminário.
1957
Ingressa no seminário
1963
Estudou teologia na Diocese de Piacenza, fazendo uma preparação específica para trabalhar na América Latina.
Jun 1967
É ordenado sacerdote em San Cassiano.
Inicia o seu primeiro trabalho pastoral em Lugo.
1969
Trabalhou seis anos com o Pe. Giacomo Agostinelli, e um casal italiano, na diocese de Vitória da Conquista (BA). Formaram uma comunidade de vida e trabalho na cidade de Itapetinga. No fim deste tempo regressou para Imola.
1979
Vem para São Bernardo do Campo preparar o projeto de Igrejas Irmãs entre as dioceses de Imola e de Santo André.
É um projeto missionário que inclui a presença de sacerdotes, religiosas e leigos da Diocese de Imola.
1980
Morava num barraco junto com seus colegas no Parque de São Bernardo.

Durante seis anos realizam trabalhos com as crianças de risco em toda a área do montanhão. Acolhiam as crianças que ficavam sozinhas nas suas casas, davam apoio escolar, tiravam elas da delinquência, e criaram o PROJETO VIDA NOVA, onde foram envolvidas cinco congregações femininas, e as prefeituras de Imola e de São Bernardo do Campo.
1983
Com seus colegas lutaram contra o despejo de famílias dos bairros que foram sendo ocupados pelas migrações de trabalhadores que chegavam a SBC procurando nova vida e trabalho. Tiveram que enfrentar a polícia muitas vezes em ações de reivindicação dos direitos civis, apoiaram ocupação de terrenos para construção de casas para o povo.
1993
Terminou o PROJETO VIDA NOVA, e cada uma das congregações continuou a sua missão no Brasil com mais autonomia.
1995
Começou a construção da escola profissionalizante, que nasceu para integrar os jovens no mundo do trabalho. Pe. Leo achava que o melhor caminho para evitar que os jovens entrassem pela via da violência seria dar-lhes a formação necessária para ter um trabalho digno.
1996
Inauguração da Escola Profissionalizante Pe. Leo Commissari.

No projeto da escola profissionalizante foi envolvida a sociedade civil de Imola e de São Bernardo.

Mudou a sua residência para um barraco no bairro do Oleoduto, porque achava que “um missionário deveria morar junto com o povo mais abandonado”.
21 Jun 1998
De regresso a casa depois da quermesse da paróquia, foi assassinado no oleoduto, por um grupo de jovens que tinham decidido matar alguém nessa noite.

FRASES DE PE. LEO COMMISSARI

1
“… estou convencido de que o Senhor nos chama, ainda antes do nascimento e, aos poucos, Ele nos manifesta e nos diz aquilo que quer de nós. Quando nos damos conta de que Ele nos chama a uma consagração plena definitiva, isto constitui apenas o começo de um caminho que devemos perceber dentro da normalidade da vida, vivida na Igreja.”(p.32)


2
“… a essência da vida religiosa não está no fato de viver aqui ou em outro lugar, em casa ou no convento, fazer umas coisas ou outras, mas viver tudo por causa de Cristo, como resposta ao Seu amor por nós. E realmente faz-se necessário que haja pessoas que pensem e vivam desta maneira.” (p. 32)


3
“Encontrar Cristo e dedicar a vida a Ele é maravilhoso e extremamente fecundo e fonte de uma alegria que o mundo não conhece; e isto é necessário, no mundo há um desejo enorme disto! Faz-se necessário que o nosso amor a Cristo seja autêntico, no seguimento fiel e disponível a Ele, a fim de que Sua Presença seja visível a todos, como salvação e libertação”. (p. 32)

4
“A questão do amor e a questão da vocação estão estreitamente ligadas, e esta ligação é misteriosa. Esta ligação é o amor de Deus e o amor de Deus pelo homem. Este amor certamente iluminará o significado da sua vocação, dentro do tempo. É preciso ter paciência, basta esperar um pouco. Alguém ou alguma coisa o iluminará.” (p. 34)


5
“Todavia sempre permanecerá o mistério e a decisão será sempre sua. Porém, com o tempo, chegará a você esta luz, que o fará compreender o suficiente e escolher com consciência e serenidade… O importante é não perder tempo, viver amando.” (p. 34)


6
“… sinto-me como uma pessoa que busca uma definição de si mesmo, uma verdadeira expressão, ou talvez mais verdadeira do que vocação fundamental que me atraiu, desde quando era adolescente.” (p. 34)


7
“Jesus não disse que se deve estudar um código de leis ou de sabedoria, não pediu um aprofundamento da cultura teológica das pessoas, mas orientou para a fé. Um ato muito simples, “Eu confio em você, leve-me para onde quiser”.



8
“A nós é pedido que é pedido que sejamos fiéis até o fim, ao Evangelho, para que estejamos, ao mesmo tempo, ligados a Deus e ao seu povo. Estamos contentes. Não nos faltam a saúde e a alegria. Moramos na favela, mas a nossa barraca é limpa e até confortável na sua essencial pobreza. O trabalho é muito, mas não nos deixamos dominar pelas coisas a fazer. Sempre nos reunimos de manhã cedo para rezar e meditar a palavra de Deus. “ ((p. 42)

Chico Mendes

“Caía a noite em Xapuri. Era o dia 22 de dezembro de 1988. Estava calor. Chico Mendes jogava dominó com os policiais que o protegiam. Por volta de 18h 30m, ele se levantou da mesa, pegou uma toalha e disse que ia tomar banho. Como o banheiro ficava no fundo do quintal, ele abriu a porta da cozinha, notou que já estava escuro e pediu uma lanterna. Ouviu-se um tiro.Chico rodou e levou a mão ao peito. Chegou a dar entrada no hospital. Mas já estava morto. Não foi o primeiro herói a morrer desse modo, mas nunca o assassinato de uma pessoa tão humilde, vivendo em lugar tão remoto, teve tamanha repercussão em nível internacional.”
Principal bandeira de Chico Mendes, as Reservas Extrativistas são áreas pertencentes à  União com usufruto dos seringueiros e outros trabalhadores da floresta que se organizam em cooperativas e associações, não havendo títulos de propriedade. As Reservas dão sustento aos milhares de famílias que trabalham nelas, quer sejam seringueiros, castanheiros, pescadores, trabalhadores do babaçu, da juta, do cacau, do açaí e de tantas outras riquezas que podem ser exploradas sem destruir a importante e rica natureza local.
Deve ser ressaltado que essas Reservas Extrativistas foram idealizadas para dar sustentação aos povos que já vivem na floresta, e jamais como uma política de ocupação do solo.
Chico Mendes tinha consciência de que a defesa da floresta não significava luta pela terra, mas, pela preservação dos recursos naturais. Na Amazônia, não é a terra que precisa ser dividida; a floresta é que não pode ser privatizada.




Afinal, quem foi Chico Mendes? Para responder a essa pergunta, relacionamos uma série de datas significativas na história deste homem.

1925- O avô de Chico Mendes, com a mulher e os filhos, entre eles o pai de Chico, Francisco Alves Mendes, então com doze anos, deixa o seu Estado, o Ceará, para ir viver no Acre,
  15/12/1944 - Dia em que Chico nasceu, no seringal Porto Rico, próximo de Xapuri.
  1962- Conhece Euclides Távora, cearense como seu pai, ex-tenente do Exército, que tomou parte na revolta comunista de 1935, esteve preso na Colônia Penal de Fernando de Noronha, de onde fugiu. Chico tinha 18 anos e era analfabeto. Foi Euclides quem o alfabetizou e lhe deu formação política.
  1969- Casa-se com Maria Eunice Feitosa, mãe de sua primeira filha, Ângela.
  1971- Separa-se de Maria Eunice, abandona o seringal e passa a lecionar para adultos, numa escola do governo, em Xapuri.
  1973- Dom Moacyr Grechi, fundador e ex-presidente da Comissão Pastoral da Terra, é sagrado bispo de Rio Branco. Teve grande influência na trajetória de Chico. A Igreja Católica cultivou nele a liderança e um combativo sentido de objetividade entre os isolados moradores da floresta.
  1974- João Maia, representante da Confederação dos Trabalhadores na Agricultura ( CONTAG), chega ao Acre para estimular a criação de sindicatos. Em 1975, relacionou-se com Chico Mendes e o ajudou a fundar o sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia.
   1976-O sindicalista Wilson Pinheiro, que seria assassinado em 1980, organiza grupos de 300 ou mais pessoas para resistirem, sem armas de fogo, ao desmatamento promovido por pecuaristas.Essa resistência, nem sempre vitoriosa, mas sempre incômoda para os derrubadores, recebeu o nome de “ empate” (derivado de empatar, embaraçar).Após o assassinato de Pinheiro, Chico assumiu a liderança dos “ empates”.
  1977- Chico é eleito vereador em Xapuri.
  1978- Conhece Mary Allegretti, antropóloga paranaense, que contribuiu para projetá-lo mundialmente e lhe conseguiu algumas bolsas junto a entidades internacionais.
  1983- Casa-se com Ilzamar Gadelha Bezerra, que conhecia desde menina e que fora alfabetizada por ele.Tiveram dois filhos: Elenira e Sandino.
  1986- Torna-se amigo do cineasta inglês Adrian Cowel que, através de inúmeros documentários, lhe deu uma audiência internacional. Nesse mesmo ano, conheceu o agrônomo e ecologista José Lutzenberger, que o auxiliou com algumas doações.
  1987- Chico consegue que uma comissão da ONU visite o Acre para observar a luta dos seringueiros contra o desmatamento.Em março desse mesmo ano, vai a Miami participar de uma reunião do Banco Inter-Americano de Desenvolvimento (BID), onde se manifestou contra o patrocínio de projetos não ecológicos. Em seguida, vai a Washington e expõe numa Comissão do Senado dos Estados Unidos o seu pensamento sobre as Reservas Extrativistas.
1988- Chico Mendes é assassinado.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

A ERA DAS PEQUENAS EMINËNCIAS


16/05/2011
A ERA DAS PEQUENAS EMINËNCIAS

Excelente é mais do que bom. Alguém é excelente quando sua atividade, seus talentos e suas qualidades estão acima da média. Na Igreja Católica dá-se o título de “Excelência” aos bispos. “Eminência” é título dado a dignitários eclesiásticos que se distinguiram em alguma liderança e foram nomeados cardeais. São estes irmãos  chamados cardeais que, por exemplo, elegem o Papa. Eles sabem do seu limite e das exigências da Igreja. A quem mais se confiou deste exige-se mais!...
Nos últimos 30 anos no Brasil, com o crescer da mídia tenho observado outro tipo de eminências. São até excelentes e acima do comum no que fazem, e  certamente  mereceriam reverências e vênias, porque, por seu trabalho na mídia estenderam o púlpito da Igreja. Só por isso já mereceriam aplausos. Quem atua na mídia sabe que não é simples nem fácil manter uma emissora de rádio ou de televisão e atuar nela todos os dias. Quem não atingiu a fama, tendo ou não procurado este destaque, não tem idéia dos meandros e das curvas e ciladas de um microfone, uma câmera ou um palco. E as piores ciladas começam dentro do pregador que acha que é o que não é, e que insiste em chamar os holofotes para a sua pessoa. E pobre de quem ousar fraternalmente chamá-lo às falas ou negar-lhe o espaço que ele acha que pode e merece ocupar... Nem cardeais escolhidos pelo Papa são tão ciosos de seu papel de eminência...
Refiro-me a pelo menos dez entrevistas de teólogos, cantores e padres famosos que nessas últimas décadas foram à grande mídia não católica ou até anti-católica, lavar a roupa suja de seus conflitos contra seu bispos, contra o papa, contra outras pastorais e contra outros padres. Não se contentaram com os foros que há na Igreja para resolver tais diferenças. Deram entrevistas em páginas amarelas de revistas de grande alcance, em programas de grande repercussão na televisão para justificar suas escolhas, seu casamento, sua rebeldia e seu jeito de ser famosos.
Quem leu a revista “Veja” de 17 de abril de 2011 teve ali um triste exemplo de imaturidade e do que significa sentir-se mais eminente do que se é. É o tipo de entrevistas que deveria ser lida e analisada em todos os seminários e movimentos católicos para os futuros pregadores aprenderem como não ser nem fazer quando tiverem nas mãos um microfone. Chega a ser patética...
O ainda jovem, mas ultra-famoso sacerdote que vendeu milhões de discos e livros, vai a público e confessa sua mágoa e indignação, passados quatro anos, contra a diocese e alguns líderes da mesma que, segundo ele, o humilharam e boicotaram, não lhe permitindo o destaque que ele achou que merecia quando o Papa esteve entre nós no Brasil.
Foram palavras dele na entrevista até agora não desautorizada por ele. Culpa aqueles líderes por sua quase depressão, porque negaram-lhe a realização do sonho de estar diante do Papa. Acabaram escolhendo outro e relegando-o a uma atuação secundária, ao amanhecer, em lugar onde havia poucas pessoas. Acusou-os de dor de cotovelo. Por que outros e não ele que fez tanto pela Igreja?... 
Mesmo depois de, mais tarde, haver recebido em Roma um prêmio de excelente evangelizador não se aplacou.  Pela segunda vez diante da grande mídia, ainda magoado disse que interpretava aquele prêmio como “um cala boca” à diocese que não lhe dera o devido destaque na vinda do Papa quatro anos antes, ao Brasil. Em dado momento reclama que dos padres do Brasil apenas um ligou para cumprimentá-lo pelo prêmio. E dá a entender que não precisa do apoio deles... E declara que ainda espera uma manifestação da CNBB por sua conquista... Psicólogos dariam um nome para esse tipo de atitude...
Tudo, dito com realces de que é humilde, não é arrogante, é padre e usa batina; e com ataques pesados aos padres que não usam batina, deixando claro que a batina protege o padre contra o assédio das mulheres... Chega ao ponto de dizer que a batina é a “maior identidade sacerdotal”. Ora, padres e leigos sabem muito bem que o hábito não faz o monge. Confunde uniforme com identidade e identificação com identidade... Vão por aí as diatribes e o desfile de suas mágoas contra o boicote sofrido...   
Mas ele não é o único. Há ex-religiosos famosos que falam contra as ordens e congregações que pagaram seus estudos, dizendo que lá não podiam exercer a caridade nem cuidar de sua família... Outros chamaram a gravadora católica onde começaram de incompetente ou de gravadora de fundo de quintal... E houve quem não hesitou em dizer que no Vaticano foi tratado com truculência. Como ninguém esteve lá para ver, fica a palavra dele contra o Vaticano que não costuma dar esse tipo de entrevistas-resposta aos padres insatisfeitos que atacam suas doutrinas ou disciplinas. Não satisfeitos em discordar, semeiam discórdia!
O fato triste e digno de um debate é que pregadores estão indo à mídia lá fora, lavar a roupa suja de seus conflitos com as autoridades de sua igreja. Não são poucos os que deixam as comunidades religiosas que os formaram para trabalhar como gostam e no que gostam, numa outra diocese. E vão sem a menor culpa. E há os que mudam de diocese, para estar diante de microfones e câmeras, ou para tocar adiante seu projeto pessoal que acham mais importante para a Igreja do que os projetos do grupo religioso onde pronunciaram seu voto de obediência...
Diante das exigências de seu grupo que agora, depois da oportunidade ser eminentes lhes parecem absurdas, simplesmente saem em busca de um púlpito mais aberto às suas aspirações. Talvez estejam certos, talvez não! Mas a ingratidão com que se portam, mostra que escolheram a si mesmos e o seu projeto. Não há retribuição...
O que deve ser objeto de reflexão é a franca disposição de pressionar o bispo, a diocese ou a ordem a reconhecer os seus talentos. Valem-se de todos os meios, inclusive a estratégia de expor para o país inteiro seu conflito pessoal com as dioceses onde atuam.  O bispo, que não é tão famoso, acaba em situação delicada. Não pode falar o que sabe e não pode expor ainda mais o pregador que já se expôs além da conta! O padre queixoso aparece como vítima que até cai em depressão, porque a diocese não reconheceu a sua liderança...
Está tudo claro e sem rodeios nas entrevistas tipo lavanderia!  Na era das eminências que mais do que auto-estima vivem um clima de altíssima estima de si mesmos, um pouco de ascese não faria mal aos futuros comunicadores da fé. Se não forem reconhecidos, com o sem batina o colarinho, mostrem que realmente têm fé e seguem os evangelhos. Perdoem e recolham-se à sua significância que nunca será insignificância, mas que também não pode ser supra-relevância.
Ficar deprimido porque não foi valorizado na vinda do Papa? Um pregador da fé? Não teria sido muito mais cristão manter a boca fechada, solicitar audiência, ir ao líder da diocese e ali derramar suas mágoas? Tinha que ir às páginas amarelas de uma revista que sabidamente não prima em elogiar a Igreja que o ordenou pregador?... Francamente! Institua-se urgentemente nos seminários desde o primeiro ano um curso de Prática e Crítica de Comunicação. É que algumas atuações têm andado abaixo da crítica!...


Autor/Fonte: http://www.padrezezinhoscj.com/novosite/palavra.php?id=176


Uma santa nordestina


Dom Sérgio da Rocha

Arcebispo de Teresina - PI

Quando se fala de santos, a tendência das pessoas é pensar naqueles que estão nos altares representados pelas imagens, ou que se encontram no céu, ou ainda num passado muito distante. De fato, inúmeros santos viveram há séculos ou há quase dois mil anos, porém muitos outros viveram em nosso tempo. Antes de serem imagens sacras ou de chegarem ao céu, foram pessoas que viveram na terra em meio aos desafios e alegrias da vida cotidiana, como nós. Assim aconteceu com a baiana Irmã Dulce, que será beatificada em Salvador, sua terra natal, no próximo dia 22 de maio. Sua beatificação é relevante para todo o Brasil, porém, enaltece especialmente a Bahia e todo o nosso querido Nordeste. Sua figura e atuação vão muito além da Igreja Católica sendo muito querida e admirada também por gente de outras denominações religiosas. Para a sua beatificação foi importante o reconhecimento de um milagre por sua intercessão, a recuperação de uma mulher sergipana que havia sido desenganada por médicos após sofrer hemorragia durante o parto. Contudo, a sua beatificação é acima de tudo o reconhecimento de uma vida santa que serve de exemplo para todos nós.
Falecida em 1992, já com fama de santidade, a Irmã Dulce, conhecida como o “anjo bom da Bahia”, chamava-se Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes. Ao tornar-se religiosa na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, passou a ser chamada Ir. Dulce.  Quando enferma, teve a graça de ser visitada pelo beato Papa João Paulo II, em 1991. Deixou-nos grandes lições de vida como a humildade, a caridade, o serviço, a solidariedade e a partilha, motivada pela fé em Cristo e animada por uma vida intensa de oração. Consagrou-se a Deus servindo aos que sofrem e testemunhando o valor da vida dos que não têm a própria dignidade e direitos reconhecidos. Dedicou-se, com admirável caridade, ao serviço dos pobres, dos desamparados e dos doentes, reconhecendo neles o rosto sofredor de Jesus. Confiando na divina Providência e contando com a solidariedade das pessoas, fundou diversas obras sociais e estabelecimentos, dentre os quais se destaca o renomado Hospital Santo Antonio, em Salvador, em cuja capela encontra-se sepultada. Louvamos a Deus pela nova beata declarada pela Igreja, Irmã Dulce, assim como, por tantas mulheres e homens que se dedicam generosamente ao serviço da caridade em nossas famílias, hospitais, casas de acolhida e comunidades. “Beato”, isto é, “feliz” quem vive o mandamento do amor que Jesus nos deixou, como fez Irmã Dulce.
(Publicado no jornal O Dia, de Teresina, aos 13-05-2011)